Brasil terá primeira cidade inteligente do mundo com lotes a preços populares
A Smart City Laguna é uma cidade inteligente desenvolvida por um grupo de empresas italianas, mas será entregue à administração do município de São Gonçalo do Amarante, no Ceará
Bicicletas e carros compartilhados, energia gerada de forma limpa e reaproveitamento de água da chuva são alguns dos serviços que estarão disponíveis na cidade. Ao contrário do que pode parecer, no entanto, a Smart City Laguna não será um condomínio fechado, como esclarece Antonella Marzi, arquiteta e uma das sócias da Recs Architects. A empresa é a responsável pelo projeto de urbanismo da smart city. “Trata-se de uma cidade aberta, como qualquer outra, a cidade não terá muros e seu acesso será livre para qualquer cidadão”, diz. No projeto estão incluídas zonas residenciais e comerciais, além de um polo empresarial.
Sustentável e a serviço da população
O conceito de sustentabilidade não será apenas uma etiqueta no caso da Smart City Laguna, de acordo com a SG. Toda a infraestrutura foi planejada para incorporar esse conceito ao cotidiano dos moradores. É o caso, por exemplo, dos pisos intertravados escolhidos para a pavimentação. Fabricados com materiais reciclados, eles reduzem as chamadas ilhas de calor e diminuem o consumo de energia. Painéis fotovoltaicos, sensores de luminosidade, ciclovias e hortas compartilhadas são alguns dos elementos que fazem parte do projeto. “Alguns desses serviços, principalmente os da área de tecnologia, serão prestados pela Planet. Essa cidade é um protótipo. É uma espécie de experimentação”, afirma Antonella.
Cavalcante explica que os serviços serão disponibilizados para os moradores de acordo com o crescimento populacional da cidade inteligente. A ideia é firmar parcerias público-privadas para possibilitar a implantação desses serviços. O aplicativo “Planet App” vai funcionar como um painel de controle da smart city para seus moradores. “Após o cadastro no aplicativo, os usuários terão acesso a todos os serviços da cidade, além de contato com outros moradores, participação em projetos e serviços disponíveis e acesso a dados privados do próprio usuário”, explica o diretor. Na plataforma será possível controlar o consumo de água e energia e acompanhar a qualidade do ar, por exemplo. Outra promessa do projeto é disponibilizar Wi-Fi gratuito para todas as regiões da cidade.
Condomínio aberto
Embora tenha ares de condomínio fechado, a cidade inteligente brasileira está sendo erguida para atender a todas as classes sociais. Essa é, na verdade, a pedra fundamental sobre a qual se ergue todo o conceito de cidade inteligente social. Os lotes nas áreas residenciais da cidade têm preços a partir de R$ 24 mil à vista e R$ 29,5 mil a prazo. Residências no padrão do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, também estarão disponíveis para compra. Segundo Cavalcante, “os setores residenciais foram alocados observando critérios urbanos voltados para o propósito smart. As casas do programa estarão distribuídas em todos os setores residenciais, dentro de um planejamento de desenvolvimento habitacional contrário a segregações”.
Para Antonella, a integração entre residências populares e a possibilidade de construções mais amplas e de alto padrão é um projeto de longo prazo. “Quando você começa a criar a economia compartilhada e o hábito da colaboração você está criando uma consciência de integração e convivência.” Ela conta que a SG pré-aprovou modelos de casas junto à Prefeitura para ajudar os compradores dos lotes. “Assim, eles não precisam contratar arquitetos e engenheiros para fazer o projeto. Só precisam apresentar o projeto já pronto para conseguir o alvará de construção.” Quem comprar um lote na smart city poderá utilizar gratuitamente um dos cinco modelos de casas oferecidos. “Mas isso não é uma regra e as pessoas têm a liberdade de construir como desejarem”, diz Cavalcante.
O grupo responsável pela execução do projeto da cidade inteligente afirma que o objetivo é que as moradias da Smart City Laguna sejam acessíveis a todas as faixas de renda. As empresas pretendem introduzir ali o conceito da “convivência colaborativa”, ainda inédito no Brasil. “Ela consiste em estimular o desenvolvimento de uma cultura voltada para a economia doméstica e coletiva. O cidadão dispõe de uma estrutura social, com ferramentas que proporcionam mecanismos de compartilhamentos e interações geradoras de economia e qualidade de vida.”
Parceria com o governo municipal
Quando estiver pronta, a Smart City Laguna vai ser capaz de comportar até 25 mil moradores. Todas essas pessoas serão oficialmente habitantes de São Gonçalo do Amarante. O secretário de desenvolvimento econômico da cidade, Victor Samuel, afirma que a prefeitura é “entusiasta desse projeto pois deverá trazer muitos benefícios ao município”.
A primeira fase, que será entregue em dezembro, tem 1.808 lotes. A partir de julho deste ano, o incorporador iniciará a construção de 2.400 casas que serão comercializadas já prontas. Por fim, a segunda fase da obra, com entrega prevista em etapas até dezembro de 2021, terá mais 5.257 lotes. Do total de lotes, 1.550 já foram vendidos.