A parede falante

  • Conto de João Alberto 

     A professora Zenaide sempre tinha uma história interessante para contar em suas aulas da língua portuguesa e era dessas histórias que ela extraía o conteúdo das aulas. Ora figuras de linguagem, ora eram as sílabas tônicas, o certo é que de cada história saía uma aula da língua portuguesa.Em uma dessas história ela deixou a turma bastante assutada e com medo. Era a história de uma parede que assustava os moradores da casa com gemidos e pedidos de socorro.

Nessa história a família de José, um pastor de cabras, conseguiu emprego na fazendo do sr. Jerônimo e iria substituir o pastor anterior que havia falecido de mau súbito enquanto dormia. E era nesta casa onde falecera o pastor que José e sua família iriam morar. A família de José se resumia nele, a mulher e um filho de oito anos de idade.A casa era humilde. De piso batido, paredes de taipa com dois quartos, uma sala, uma cozinha e um banheiro rudimentar que ficava do lado externo da casa. Ficava distante da sede da fazenda, mas era ali onde ficavam as cabras que o José iria pastorear. Lá chegaram já escurecendo e só deu tempo de juntar uns gravetos, acender o borralho, comerem alguma coisa, forrar as camas fixas de madeira que tinha nos quartos e se prepararem para dormir. A mulher de José sentiu calafrios só em pensar que iria dormir na cama onde o antigo morador morrera, embora não soubesse em qual cama ele morrera, visto que soubera ser ele solteiro.

     Os adultos cansados, logo pegaram no sono, mas o menino estranhara a casa e logo começou a ouvir vozes que saíam de uma parede. Uma voz estranha e cansada que dizia: “Socorro,tirem-me daqui.” Apavorado o menino deu um grito tão alto que acordou os pais no quarto ao lado. A mãe, aflita, correu para o quarto do filha para ver o que tinha acontecido. Encontrou o menino tremendo e assustado que lhe disse: “Mãe a parede está falando.” A mãe tentou acalmá-lo pensando que o filho tivera um pesadelo. O deixou em seu quarto e voltou para o seu, mas não demorou muito a pobre criatura escuta, agora como se fosse um gemido,a voz repetindo:”Socorro, tirem-me daqui”. Dessa vez o grito do garoto foi tão assustador que acordou o pai e a mãe. O menino não conseguia falar de tão assustado. Mas no colo da mãe, soluçando repete a história da parede falando.

A mãe resolve dormir no quarto com o filho para acalmá-lo e nem chega a pegar no sono quando escuta uma voz suplicante saindo da parede pedindo:”Socorro, tirem-me daqui”. Ela deu um grito tão assustador que o marido já chegou no quarto com um facão na mão e desferindo golpes na parede fantasmagórica. Ninguém ali dormiu naquela noite. Era o menino chorando, a mãe rezando e José cortando a parede com o facão até que se deparou com um velho papagaio cansado que lhe pediu: “por favor,tirem-me daqui”.

João Alberto

Jornalista: DRT 0008505/DF. Radialista, Escritor e Poeta

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *