Mulheres francesas rebatem feminismo de americanas
‘Os homens deveriam ser livres para flertarem com as mulheres’, diz a atriz francesa Catherine Deneuve
A atriz francesa Catherine Deneuve, dos filmes O reencontro e O diário perdido, é uma das cem mulheres que assinam uma carta aberta em oposição ao #MeToo, campanha para barrar os casos de assédio sexual na indústria cinematográfica. A manifestação, publicada nesta terça-feira (9/1) no jornal Le monde, argumenta que “os homens deveriam ser livres para flertar com as mulheres” e que a onda de revelações sobre abusos no ramo do entretenimento se trata de um novo “puritanismo”.
O texto ainda lamenta a onda de “repressões públicas” contra o produtor norte-americano Harvey Weinstein, acusado por diversas mulheres de abuso sexual e estupro e ponto de partida da série de denúncias que ganhraram destaque contra outros importantes nomes de Hollywood. A publicação ocorreu dois dias depois do protesto no Globo de Ouro organizados por várias atrizes, que usaram pretos e destacaram, nos discursos de aceitação dos prêmios, a importância da união feminina no combate ao machismo.
A carta aberta é assinada não só por artistas, mas também intelectuais e acadêmicas francesas, como a cineasta Brigitte Sy. “Os homens têm sido punidos sumariamente, forçados a sair de seus empregos, quando tudo o que eles fizeram foi tocar o joelho de alguém ou tentar roubar um beijo. Estupro é crime, mas tentar seduzir alguém, mesmo de forma insistente ou desajeitada, não é – tampouco o cavalheirismo é uma agressão machista”, diz o texto. “Como mulheres, não nos reconhecemos neste feminismo que, além de denunciar o abuso de poder, incentiva um ódio aos homens e à sexualidade”.