DF – Reabertura das delegacias de polícia vai custar R$ 10,5 milhões ao GDF
Custo se refere ao pagamento de R$ 400 para cada policial civil que aderir ao serviço voluntário da corporação, sancionado ontem pelo governador Ibaneis Rocha. Reforço deve garantir o serviço 24 horas das unidades policiais
A reabertura de todas as delegacias de polícia, prometida pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), vai impactar os cofres públicos do Distrito Federal em mais de R$ 10,5 milhões. O valor é referente ao pagamento de R$ 400 por serviço voluntário de policiais civis, sancionado pelo chefe do Executivo ontem e publicado hoje no Diário Oficial do DF. Mas, além desse custo, haverá aumento nos gastos de combustível dos carros da corporação, água, luz e telefone, porque as unidades vão voltar a funcionar 24 horas, além de um novo concurso público para contratação de servidores.
Os R$ 10,5 milhões serão pagos pelo GDF. Para especialistas, o valor não onera de forma expressiva o caixa, mas só a medida de convocar policiais de folga não é suficiente para reabrir as unidades policiais. Na visão do consultor de segurança George Felipe Dantas, o serviço voluntário é só uma ação de emergência. “A Polícia Civil tem um efetivo reduzido da década de 1990 e, quando se fala de um serviço voluntário, é para se trabalhar no limite. Está se forçando um modelo que atinge a Polícia Militar. O que necessita é, ao menos, atualizar o efetivo das instituições de segurança pública para números menos irreais”, alertou.
O efetivo da Polícia Civil é de 4.439 servidores. Para colocar a medida em prática e garantir o serviço 24 horas nas delegacias, segundo entidades representativas de classe, o número ideal seria de, pelo menos, 8,9 mil pessoas. Mas a Secretaria de Segurança Pública informou que, segundo a Polícia Civil, seriam necessários 300 servidores para a reabertura das delegacias. A pasta acrescentou que cálculos de eventuais custos das instalações e de pessoal “serão efetivados assim que a medida for implementada” e que as delegacias contam com servidores à noite. “Portanto, mesmo sem atendimento ao público, há plantão nas delegacias fechadas. Assim, o impacto não será substancial e terá de ser dimensionado com a reativação do atendimento”, explicou a Secretaria de Segurança Pública.
No projeto de lei enviado à Câmara Legislativa para aprovação do serviço temporário, o GDF constatou que o valor gasto para incentivar policiais de folga a trabalhar é considerado um “custo relativamente reduzido diante de um cenário de quadro de servidores gravemente deficitário, menor que 50% do número de cargos previsto em lei, cuja contratação certamente impactaria a folha de pagamento da PCDF de forma consideravelmente incisiva”. A SSP detalhou que o trabalho voluntário é emergencial. “A PCDF prepara concurso para contratação de servidores”, confirmou.
A reabertura das delegacias é uma cobrança da população. Morador do Cruzeiro desde 1995, Benício Alcanjo Lopes, 59 anos, lembrou-se de quando precisou registrar um acidente de trânsito, em 2017, e teve dificuldade. “Só tinha um policial para atender, e a delegacia estava cheia. A reabertura das unidades vai melhorar, mas precisa ter uma quantidade suficiente de servidores para isso”, ponderou o advogado.
*Com informações do Correio Braziliense