Déficit de atenção e obesidade; Bem Estar explica a relação
Um dos problemas de quem tem TDAH é a compulsão alimentar. A pessoa não controla o impulso e come muito, mesmo sem fome, em um curto espaço de tempo. Assim, quem tem TDAH tem mais risco de ser obeso e vice-versa.
O Programa Bem Estar desta segunda-feira, 18 de dezembro, mostrou que o grande vilão do regime pode não ser a fatura da ceia de Natal e do fim de ano. O inimigo fica no cérebro e atende pelo nome de hipotálamo; Ele é o chefe!
O endocrinologista João Salles fala sobre a pesquisa que revelou que a cirurgia bariátrica altera o funcionamento do cérebro antes mesmo da pessoa emagrecer. E qual a relação do déficit de atenção com a obesidade? O psiquiatra Erasmo Casella explica porque quem come distraído engorda mais. A falta de concentração é um dos sintomas do TDHA.
TDAH e Obesidade – O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma alteração química no cérebro que leva a alterações de comportamento. Os neurotransmissores dopamina e noradrenalina são afetados: a produção diminui, o receptor pode ser mais fraco ou o transportador que recupera o neurotransmissor durante a sinapse não é efetivo.
Um dos problemas de quem tem TDAH é a compulsão alimentar. A pessoa não controla o impulso e come muito, mesmo sem fome, em um curto espaço de tempo. Ela não consegue pensar a longo prazo, falta controle. Assim, quem tem TDAH tem mais risco de ser obeso e vice-versa, quem é obeso tem mais chance de ter TDAH.
Como a ação da dopamina não é efetiva, ela causa problemas no sistema de recompensa do cérebro. Esse neurotransmissor é responsável pelo autocontrole, por isso o comer impulsivo e compulsivo. Pessoas com TDAH costumam optar por alimentos mais calóricos e gordurosos, outra teoria é de que açúcar demais no organismo promove a diminuição nos receptores de dopamina. Também existe um gene comum que facilita a obesidade e o TDAH, então a pessoa que tem esse gene, pode ter os dois problemas. Quem tem obesidade, geralmente, também sofre de apneia do sono, dorme menos e pior e fica mais cansado durante o dia, o que leva a um déficit de atenção secundário à obesidade.
Os fatores de risco para doenças vasculares como a hipertensão arterial, o diabetes, o triglicérides alto e a alteração do colesterol também estão associados à obesidade. São os mesmos fatores que aceleram o processo de demência vascular porque provocam alteração na microcirculação cerebral.
No caso do Alzheimer, o problema é a resistência à insulina, que também é mais comum nos obesos, principalmente àqueles que têm a gordura acumulada na barriga, independente se têm diabetes ou não.
São duas explicações: A menor ação da insulina em dois setores do cérebro faz com que haja uma aceleração da substância beta-amiloide, que é responsável pela doença do Alzheimer. O hipocampo, nosso HD responsável por guardar nossas memórias, precisa da insulina para funcionar bem. Quando ela não age da forma correta, ocorrem falhas no funcionamento dessa região e vamos guardando menos informações. Com o tempo, o hipocampo vai perdendo a capacidade de armazenamento e pode levar ao Alzheimer.
Obviamente, a questão da genética também está envolvida, mas essa informação é importante para as pessoas que estão vendo seus familiares com demência e querem prevenir ou retardar o processo. Ter hábitos de vida saudáveis e não ser obeso já é um grande passo.